Quem educa talha ou modela sem nunca estar satisfeito. Esmera-se num detalhe aqui, descobre outro pedindo aparas acolá, sabendo que o horizonte é sempre além... muito além.
No fundo, educar é um tratamento contínuo de canal. É um dente que não se arranca, porque a prótese não seria um sucesso. Qualquer pivô ficaria frouxo e cairia da base, tão logo fosse testado. Na verdade, nem teria mesmo base.
São sucintos os meandros da educação. Ela exige critério, fundamento e destreza. Requer um ato contínuo, exímio e sistemático. É a teia inacabável, a rede, o cachecol. A esperança intocada, para que seja sempre esperança, mas de vereda real. Ritmo consistente. Construção paulatina.
Por ela estruturam-se as consciências, toma corpo o caráter, ganha identidade o cidadão. Ela transforma quem ainda está, quiçá nem isso, no que realmente é, trabalhando sobre o melhor desse alguém. Seja como for, sem jamais concluir, para que possa dar prosseguimento à busca da perfeição.
Convida e seduz, dá ossos à alma e desprestigia o ócio. Tem alvos profundos, extrapolando a disputa mercadológica e a corrida pelo simples ter. Superando as arrotações de quem julga detê-la.
A educação é o bem que vence o mal. Mas aquele que educa não pode achar que o fará num dia... nem numa vida. Nem mesmo crer que o fará sozinho. Sequer que terminará, ele próprio, a empreitada à qual deu início. Isto aumenta o seu compromisso, pois alguém herdará sua missão.
Magistério e magistrado não se confundem, como sonham pseudo educadores que valorizam a vara desprezando o cajado. Embora a raiz seja o foco da atuação de ambos, a educação não arranca o mal pela raiz. Transforma-o.
Demétrio Pereira Sena
CIEP 327 - Pedro Américo
Magé
Fonte: CONEXÃO PROFESSOR
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